GPA Grupo Pão de Açúcar - Resultado no 2º trimestre/2016
R$ 481 Mi em despesas não recorrentes
O resultado do 2T16 do GPA veio misto, em nossa visão. As vendas continuaram sólidas no Assaí e nas lojas de proximidades, com alguma reação positiva também na Via Varejo, enquanto no Extra e na Cnova as mesmas seguiram retraindo.
Apesar do reconhecimento de créditos fiscais, as margens foram prejudicadas por uma política de preços mais agressiva, pela maior carga tributária e pela pressão inflacionária sobre os custos fixos.
O destaque negativo foi o elevado montante de R$ 481 milhões em despesas não recorrentes, relacionadas principalmente à investigação da Cnova, contingências fiscais e custos de reestruturação, que levaram a um prejuízo líquido de R$ 583 mi no trimestre.
Queima de Caixa
A contínua queima de caixa também preocupa, uma vez que a posição de caixa reduziu em 45,4% A/A no 2T16, para R$ 3,7 bi. Em relação aos problemas da Cnova, uma vez que as investigações terminaram, não esperamos que novas notícias negativas surjam no curto prazo.
Assim, mantemos nossas já conservadoras estimativas para o GPA inalteradas por enquanto. No entanto, seguimos atentos a fatores como recuperação de vendas, racionalização de custos, nível de endividamento, geração de caixa e a operação da Cnova. Nosso preço alvo para o final de 2016 para PCAR4 continua em R$ 61,00, com recomendação de Outperform.
GPA Consolidado.
No segmento alimentar, o desempenho do top line seguiu forte tanto no Assaí (+37,2% A/A) quanto no formato de proximidade (+22,2% A/A), enquanto o Pão de Açúcar mostrou sinais de desaceleração (crescendo apenas 2,5% A/A) e a bandeira Extra continuou retraindo (-5,2% A/A).
De acordo com o management, no entanto, o plano estratégico implementado nas unidades do Extra tem sido bem sucedido, pois considerando apenas as vendas de alimentos e desconsiderando os fechamentos de unidades, as vendas em mesmas lojas aumentaram 5,4% A/A no trimestre.
Na Via Varejo, as iniciativas focadas em recuperação de vendas parecem ter começado a trazer retornos positivos, com o top line evoluindo 2,1% A/A no 2T16, enquanto na Cnova as receitas reduziram 3,7% A/A, em função de problemas internos de execução somados ao cenário macroeconômico desfavorável.
Em relação à rentabilidade, a margem bruta aumentou em 1,4 p.p. A/A, para 25,4%, apesar da política de preços mais agressiva, principalmente no Multivarejo, na Via Varejo e na Cnova, devido ao reconhecimento de R$ 640 mi em créditos fiscais relacionados à PIS/Cofins extemporâneos.
De acordo com o GPA, estes créditos fiscais não estão relacionados a alteração contábeis, mas sim a reconhecimentos que não eram feitos anteriormente. Desconsiderando este efeito, a margem bruta teria contraído em 3,8 p.p., para 21,6%.
As despesas com VG&A aumentaram em um ritmo maior que o top line, em 11,8% A/A no trimestre, impactadas negativamente por:
(i) uma menor performance operacional no Multivarejo e na Via Varejo;
(ii) o plano acelerado de expansão do Assaí;
(iii) a reoneração da folha de pagamentos na Via Varejo e
(iv) a pressão inflacionária sobre os custos fixos em geral.
Assim, a margem EBITDA ajustada reduziu em 0,2 p.p., para 4,6% no período.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do resultado apresentado pelo GPA no 2º trimestre/2016, elaborado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI, Analista Sênior, VICTOR PENNA, CNPI, Analista Chefe, ambos integrantes da equipe de estudos do BB Invesimentos.